Variações Sazonais e Seus Impactos nos Taludes: clima seco ou chuvoso altera a estabilidade, exigindo monitoramento contínuo e intervenções.
O comportamento dos taludes: naturais ou escavado, estão longe de serem estáticos. Entre os fatores que influenciam diretamente sua estabilidade, as condições climáticas sazonais merecem atenção redobrada. Mesmo taludes que se mantêm estáveis por longos períodos podem apresentar alterações significativas no regime de deformação ou ruptura dependendo da estação do ano.
Durante o período seco, é comum observar o aumento da sucção matricial em solos não saturados, o que contribui para a coesão aparente do maciço e, por consequência, para sua estabilidade. No entanto, essa condição é temporária. Com a chegada da estação chuvosa, a infiltração da água reduz essa sucção, diminui a resistência e aumenta o peso específico do solo, elevando o fator de risco para escorregamentos, sobretudo em regiões tropicais


Figura 1 – Deslizamento em talude na beira de uma estrada causado pela chuva.
Além disso, a água da chuva pode atuar em diferentes frentes: alterar a pressão neutra, induzir recalques diferenciais em taludes de aterro, reativar planos de descontinuidade em rochas ou mesmo mobilizar material coluvionar em encostas aparentemente estáveis. O acúmulo de água em cavidades ou em zonas menos permeáveis também pode causar sob repressões internas, muitas vezes invisíveis até que o deslocamento comece.



Figura 2 – Desenho esquemático indicando as diferentes localidades que se encontra água nas rochas.
Esse comportamento variável, condicionado pelo clima, impõe um desafio adicional ao projeto e à operação de estruturas em áreas inclinadas: monitorar continuamente e com sensibilidade às mudanças temporais. Um sistema de monitoramento que funcione bem no período seco pode não ser suficiente no período úmido. Por isso, é essencial considerar o histórico climático da região, as previsões meteorológicas e o comportamento hidromecânico do solo ao definir os pontos e métodos de medição.
Mais do que isso, a instrumentação deve ser planejada de forma a permitir a identificação de tendências e mudanças sutis. Equipamentos como inclinômetros, piezômetros, radares ou estações totais automáticas possibilitam a observação de deslocamentos e pressões internas ao longo do tempo. Com os dados em mãos, torna-se viável antecipar intervenções antes que o comportamento atinja patamares críticos.