Quem trabalha com topografia, engenharia ou geotecnia certamente já se deparou com o termo MDT – Modelo Digital de Terreno. Embora o nome pareça técnico demais à primeira vista, o conceito é simples: trata-se de uma representação em 3D da superfície do terreno, considerando apenas o relevo “limpo”, sem vegetação, construções ou objetos artificiais


O que faz do MDT uma ferramenta tão útil é justamente essa capacidade de mostrar a forma real do solo. Ele revela vales, morros, cortes, taludes e tudo mais que compõe a paisagem natural de uma área. A partir disso, é possível calcular volumes de escavação ou aterro, planejar drenagens, traçar estradas com maior eficiência ou simplesmente entender como a água vai escoar por uma determinada região.
Existem diversas formas de gerar um modelo desses. Uma das mais usadas atualmente é com drones equipados com câmeras fotogramétricas ou sensores LiDAR. Após o voo, as imagens coletadas passam por um processamento que reconstrói a superfície em três dimensões. Também é possível usar estações totais, escaneamento a laser terrestre ou até dados de satélite, dependendo do nível de detalhe necessário.
Mas nem todo modelo em 3D é um MDT. Há também os MDS – Modelos Digitais de Superfície, que incluem tudo o que estiver sobre o solo: árvores, postes, telhados e outras estruturas (Figura 2). A diferença entre os dois está justamente na filtragem dos dados. Para se obter um MDT confiável, é necessário remover esses elementos e deixar visível apenas o terreno natural.



Figura 2 – Exemplo de um Modelo Digital de Superfície (MDS) colorido artificialmente para ressaltar diferentes altitudes.
Na prática, o MDT funciona como uma base para quase todo tipo de análise espacial. Na engenharia civil, por exemplo, é utilizado para prever deslizamentos de terra, calcular o melhor local para instalar sistemas de drenagem ou mesmo projetar uma rodovia que respeite a topografia existente. Na mineração, por sua vez, é utilizado para calcular volumes de pilhas de estéril e o avanço de frentes de lavra, por exemplo. Com o avanço dos softwares e sensores, ficou muito mais fácil gerar modelos precisos e atualizados com frequência.
Ao entender o terreno com esse nível de detalhe, ganha-se em segurança, economia e eficiência no planejamento. E mais: a visualização tridimensional facilita a comunicação entre engenheiros, projetistas e gestores, evitando erros e retrabalho lá na frente.