Imagens de Satélite, Métodos de Interpretação

A interpretação de imagens de satélite é uma técnica fundamental na cartografia, na análise ambiental, na gestão de recursos naturais, na agricultura de precisão, na monitorização urbana, entre outras áreas. As imagens de satélite fornecem informações visuais e espectrais detalhadas da superfície terrestre, que podem ser analisadas para extrair dados valiosos sobre o uso do solo, cobertura vegetal, características geológicas, hidrológicas, e muito mais.

Vários métodos são utilizados para interpretar essas imagens, cada um adequado para diferentes tipos de análise e objetivos específicos.

Interpretação Visual das Imagens de Satélite

A interpretação visual é o método mais tradicional e envolve a análise direta das imagens de satélite por um analista humano.

Este método depende do conhecimento e da experiência do intérprete para identificar e classificar características com base em atributos visuais. Por exemplo: cor, textura, forma, tamanho, padrão e sombreamento.

  • Cor: Diferentes objetos refletem diferentes comprimentos de onda da luz, resultando em cores distintas nas imagens. Por exemplo, a vegetação saudável geralmente aparece em tons de verde, enquanto áreas urbanas podem aparecer em cinza ou branco.
  • Textura: Refere-se à suavidade ou aspereza da superfície e pode ajudar a distinguir entre tipos de vegetação ou estruturas urbanas.
  • Forma e Padrão: A forma dos objetos (como campos agrícolas retangulares ou rios sinuosos) e os padrões repetitivos podem ajudar a identificar características específicas.
  • Tamanho: O tamanho dos objetos na imagem pode fornecer pistas sobre sua identidade, como grandes áreas escuras sendo corpos de água.

Este método é altamente subjetivo e depende da habilidade do analista, mas é útil para análises preliminares ou para áreas onde os padrões são conhecidos.

Classificação Supervisionada

A classificação supervisionada é um método de interpretação quantitativa em que o analista define classes de cobertura do solo com base em um conjunto de “áreas de treinamento” conhecidas na imagem.

Essas áreas de treinamento são usadas para “ensinar” um algoritmo a reconhecer diferentes tipos de cobertura do solo em toda a imagem.

  • Processo: O analista seleciona amostras representativas para cada classe de interesse (por exemplo, floresta, água, áreas urbanas) e o algoritmo analisa as características espectrais dessas amostras. Em seguida, o algoritmo aplica essas características para classificar cada pixel na imagem em uma das classes definidas.
  • Vantagens: Permite a utilização de conhecimento especializado para melhorar a precisão da classificação. Assim, sendo eficaz quando o analista tem um bom conhecimento das características da área de estudo.
  • Limitações: Requer conhecimento prévio da área para definir as áreas de treinamento e pode ser limitado pela qualidade e representatividade dessas áreas.

Classificação Não Supervisionada

A classificação não supervisionada é um método automático em que o algoritmo agrupa os pixels com base em suas características espectrais. Em outras palavras sem a necessidade de áreas de treinamento definidas pelo analista.

  • Processo: Algoritmos de agrupamento, como o K-means ou ISODATA, são usados para dividir a imagem em grupos espectralmente semelhantes (clusters). Cada grupo é então atribuído a uma classe com base em suas características espectrais.
  • Vantagens: Útil quando há pouca ou nenhuma informação prévia disponível sobre a área de estudo. Pode revelar padrões ou classes inesperadas que não foram considerados inicialmente.
  • Limitações: Menor controle sobre o resultado final. O analista deve posteriormente interpretar e rotular as classes resultantes, o que pode ser subjetivo e menos preciso.

Índices Espectrais

Os índices espectrais são combinações matemáticas de diferentes bandas espectrais de uma imagem de satélite, dessa forma, projetadas para destacar características específicas da superfície terrestre.

  • Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI): Em resumo, utiliza-se as bandas do vermelho e do infravermelho próximo para medir a quantidade e a saúde da vegetação. Valores altos de NDVI indicam vegetação densa e saudável.
Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI) - Imagens de Satélite
Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI)
  • Índice de Umidade do Solo (NDWI): Usa as bandas do infravermelho próximo e do infravermelho de ondas curtas para destacar a presença de umidade no solo e corpos d’água.
Índice de Umidade do Solo (NDWI) - Imagens de Satélite
Índice de Umidade do Solo (NDWI)
  • Índice de Áreas Queimadas (BAI): Destaca áreas queimadas usando combinações de bandas sensíveis à presença de cinzas e carvão.

Em resumo, esses índices são úteis para aplicações específicas, como monitoramento de vegetação, detecção de mudanças ambientais, ou análise de umidade do solo.

Análise de Séries Temporais

A análise de séries temporais envolve a interpretação de imagens de satélite. Dessa forma, são adquiridas ao longo do tempo para detectar mudanças e tendências na superfície terrestre.

  • Processo: Analisar uma série de imagens adquiridas em diferentes datas para identificar mudanças sazonais, crescimento urbano, desmatamento, entre outras.
  • Aplicações: Monitoramento do desmatamento, mudanças na cobertura de neve, crescimento urbano e detecção de desastres naturais, por exemplo: inundações ou incêndios.
  • Ferramentas: Softwares como o Google Earth Engine permitem a análise eficiente de séries temporais com grandes volumes de dados.

Análise Baseada em Objetos (OBIA)

A Análise Baseada em Objetos (OBIA) é um método avançado que agrupa pixels em segmentos ou objetos antes da classificação. Este método é particularmente útil para imagens de alta resolução.

  • Processo: A imagem é dividida em segmentos com base na similaridade espectral e espacial. Em seguida, esses segmentos são classificados usando técnicas de aprendizado de máquina ou regras baseadas em conhecimento.
  • Vantagens: Melhora a precisão da classificação ao considerar informações contextuais e de forma. É eficaz para identificar objetos complexos como edifícios, estradas ou corpos d’água.
  • Limitações: Requer processamento computacional intensivo e um bom conhecimento da área para definir regras de classificação apropriadas.

Técnicas de Aprendizado de Máquina e Inteligência Artificial para Imagens de Satélite

Os avanços em aprendizado de máquina (ML) e inteligência artificial (IA) têm impulsionado a interpretação de imagens de satélite, dessa forma, para além dos métodos tradicionais de classificação supervisionada e não supervisionada.

  • Redes Neurais Convolucionais (CNNs): Usadas para reconhecimento de padrões complexos em imagens de alta resolução. São particularmente eficazes para classificação de uso do solo e identificação de objetos.
  • Aprendizado Profundo: Capaz de lidar com grandes volumes de dados e extrair características complexas de imagens multiespectrais e hiperespectrais.
  • Aplicações: Reconhecimento de padrões de uso da terra, detecção de mudanças, monitoramento de desastres naturais, e avaliação da saúde da vegetação.

Imagens de Satélite e novas Tecnologias

Por fim, a interpretação de imagens de satélite evoluiu significativamente com o advento de novas tecnologias, softwares e métodos analíticos. Assim, a escolha do método depende dos objetivos específicos da análise, da resolução da imagem, do conhecimento da área de estudo e dos recursos disponíveis.

Com o avanço contínuo da tecnologia de satélites, inteligência artificial e aprendizado de máquina, as técnicas de interpretação de imagens de satélite continuarão a se desenvolver, proporcionando insights ainda mais profundos sobre a dinâmica da superfície terrestre.

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