Por que monitorar antes, durante e depois da obra: o ciclo completo do monitoramento geotécnico 

Quando se fala em monitoramento geotécnico, muita gente ainda pensa em instalar instrumentos apenas no momento da execução, como se o risco surgisse só ali. Mas o terreno começa a dar sinais bem antes, e continua a responder mesmo depois da obra pronta. 

É por isso que o monitoramento geotécnico precisa ser planejado como um ciclo completo, que acompanha o comportamento do maciço em todas as fases: antes, durante e depois da intervenção.

Centro de monitoramento geotécnico
Figura 1 – Exemplo de um centro de monitoramento geotécnico.

Antes da obra: entender o terreno antes de mexer

O monitoramento geotécnico prévio serve para estabelecer uma linha de base. É ele que ajuda a responder: o terreno já está se movendo? Qual o nível de deformação natural? Existem recalques antigos? Há variações sazonais de lençol freático?

Ignorar essa etapa leva a uma situação comum: a obra começa e, semanas depois, aparecem deformações, mas ninguém sabe se são novas ou se já existiam. Um levantamento inicial com GNSS, estação total, radar ou drones com geração de MDT, por exemplo, permite registrar o estado inicial do terreno e mapear áreas com movimentação ativa.

Além disso, instrumentação geotécnica instalada com antecedência (como piezômetros ou inclinômetros) já começa a gerar dados que ajudam a calibrar modelos numéricos ou confirmar hipóteses de projeto. E isso faz diferença na hora de definir cortes, rebaixamentos ou contenções.

Durante a obra: medir para controlar

Na fase executiva, o monitoramento é essencial para acompanhar os efeitos das intervenções. Escavações, rebaixamentos de nível d’água, carregamento com aterros ou vibrações geradas por equipamentos. Tudo isso altera o equilíbrio do maciço.

Aqui, os dados precisam ser mais frequentes e, em muitos casos, em tempo real. A instalação de prismas com estação total automatizada, sensores GNSS, piezômetros com telemetria ou sistemas de radar permite acompanhar o comportamento geotécnico à medida que a obra avança. Qualquer aceleração fora do padrão pode indicar a necessidade de reforço ou de reprogramar etapas.

Em escavações urbanas, por exemplo, o monitoramento durante a execução é o que permite garantir que a contenção não está se deformando além do limite. Já em grandes taludes ou em mineração, esse acompanhamento evita que pequenas movimentações evoluam para eventos maiores sem aviso.

Depois da obra: verificar a resposta do terreno

Obra finalizada não significa terreno estabilizado. Em muitos casos, os efeitos geotécnicos continuam a se desenvolver após a execução, seja pela dissipação de poropressão, acomodação do solo ou recalque de fundações.

É por isso que o pós-obra também exige acompanhamento. Monitorar deformações residuais, evolução do nível d’água ou o comportamento de estruturas enterradas é o que garante a estabilidade no longo prazo.

Além disso, manter o sistema de monitoramento em operação após a obra permite validar as premissas do projeto e ajustar critérios para futuras intervenções. Em estruturas críticas, como barragens, taludes ativos ou grandes escavações, esse tipo de controle não é apenas recomendável, se torna obrigatório.

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